terça-feira, 25 de agosto de 2009

A janela

Tudo começou com um susto. Um pequeno espanto diante do inesperado. Alguém teria que sacrificar um sorriso para demonstrar a verdade. Não quero mais isto ou aquilo, quero somente aquilo que já se esqueceu de mim. Tempo sem gosto nem cheiro. Tempo que não se escolhe viver. Sol da manhã que nasce com fúria, deixando transparecer a poeira que pousa com simplicidade no simples assoalho de terra. Terra vermelha da cor da paixão. Paixão que sangra toda palavra que constrói ação. Olhos carentes do cão que chora. Que chora de fome na frente daquele que come. Aquele que come, come com fúria. Fúria de homem e não de sol. Homem que já foi à Lua. Lua que agora brilha cheia. Cheia de amargura de não estar mais sozinha. E sozinha, da janela da cozinha, ela vê a Lua. A menina dos olhos da menina que vê a Lua, agora chora. Chora de vontade de voltar para a Lua. Mas ela nem mesmo sabe, que nunca esteve na Lua. Adultos não dizem a verdade. Era apenas força de expressão. Não me interessa mais. Além do que, já tenho o que me faz feliz. Uma janela. Uma pequena janela que me deixa ver a Lua e o Sol. E disso eu tenho certeza. Tenho a certeza que a janela não mente. Pela janela posso ver, escutar, ouvir e falar. Hoje a janela amanheceu um pouco triste. Tristeza esta que se foi com o vento. Vento que às vezes bate a janela na cara. Na cara daquele que quer saber. Que sempre quer saber porquê a janela fecha.

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