sábado, 11 de abril de 2009

Ela tinha um jeito meio seu de assinar cada mensagem que lhe enviava: T. Só isso, tê e ponto. Ele também tinha lá seus cacoetes, chamava a moça de "Moça". O mais engraçado, tanto para um como para outro, era ver seu vício estilístico sendo copiado pelo outro. "Oi, moço..." era motivo de sorriso bobo na cara. Tanto quanto um "com carinho, G." no final de uma mensagem dele pra ela.

Cismaram de fazer alguma coisa, porque o moço tinha uma semana sem aulas, e a moça uma semana de férias pra vencer. Uniram o útil ao agradável, embolaram os trapinhos e caíram no mundo, meio sem destino. Era gostoso viajar sem destino. Ela tinha lá alguns parentes pelo interior. Decidiram que fariam um roteiro improvisado, de forma que passassem pela parentada, visitando alguns primos e tios distantes, mais pela farra do inesperado do que por saudade propriamente dita. Ela gostava de desfilar por aí ao lado dele, como se fossem amantes de longa data. Ele gostava de se sentir gostado, e era tudo. Já lhe bastava.

Parentes contando histórias da infância. Saudade meio gostosinha, nostalgia. Copos de cerveja sempre fartos, aquela comida tão simples e tão deliciosa, talvez pela simplicidade mesmo fosse assim gostosa. Risadas altas, ela contava porque estava alí, e quem era o "moço" tímido que a acompanhava. A mais idosa das tias não pode se conter, e acabo soltando a caricata frase "ah, mas então estão viajando só os dois sozinhos? Que perigo do moço fazer mal pra menina!" Eis que a moça retruca "Mal? Faz é bem, minha tia! Muito bem".

O moço não sabia onde enfiar a cara de vergonha, mas no fundo percebeu que a simplicidade tem sim a sua pitada de poesia, e acabou por gostar da desbocagem da menina.

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